domingo, 10 de abril de 2011

Crise Nuclear em Fukushima, no Japão

O terremoto de 8,9 graus na escala Richter e o tsunami que abalaram o Japão na madrugada do dia 11 de março de 2011 provocaram danos na usina nuclear de Fukushima, localizada na região nordeste da ilha. Vazamentos radioativos foram registrados e um iminente desastre nuclear mobilizou a comunidade internacional.

A eletricidade na usina nuclear de Fukushima é gerada por vapor de água. A energia liberada pelo combustível nuclear ferve a água. O vapor liberado move turbinas, que produzem a eletricidade.

O óxido de urânio está na forma de cerâmica, em pequenos cilindros, que são colocados em tubos de Zircaloy. Os átomos de urânio se quebram em átomos menores liberando calor e nêutrons. Assim, a água é aquecida. O ciclo da água líquida entrando, e vapor saindo, retira o calor do reator.

O reator é mantido encapsulado sob pressão em uma estrutura com paredes grossas de aço que servem para resistir a explosões. Tal estrutura é fechada hermeticamente em uma segunda estrutura, esta de aço e concreto. Uma terceira camada de concreto cobre as demais. Tudo isso atuando como uma proteção contra vazamento do combustível radioativo para o ambiente.

Quando há uma emergência, a usina nuclear pode diminuir a taxa de fissão de urânio mesclando cilindros de bóro - que absorve nêutrons - entre os cilindros de Zircaloy. Mas, como ainda é produzido calor, continua sendo necessário resfriar o reator com água. Se o reator ficar sem água, sua temperatura interna pode levar à oxidação dos cilindros e ao derretimento do urânio. Quando isso ocorre, o risco de haver vazamento de combustível radioativo aumenta consideravelmente.

No momento do terremoto, as linhas de energia, que mantinham ligado o sistema de refrigeração dos reatores, entraram em processo de desligamento. Quando veio o tsunami, geradores de emergência, localizados no subsolo, funcionaram perfeitamente por cerca de uma hora. Porém, a água chegou aos geradores, parando-os. A usina ainda contava com baterias de backup, mas suas 8 horas de duração foram insuficientes para retornar a energia elétrica para os geradores.

Quando a energia das baterias acabou, a temperatura dentro do reator começou a subir aumentando sua pressão interna, o que pode danificar os sistemas de contenção de radiação. Para reduzir essa pressão foi liberado vapor na atmosfera e, junto com ele, gás de hidrogênio – altamente inflamável. O que provocou explosões nos reatores 1 e 3. Para evitar que a radiação fosse liberada na atmosfera, começou a ser utilizada água do mar, misturada com ácido bórico, para resfriar os reatores. A água do mar inutiliza os reatores, por isso só é usada como último recurso.

Após a explosão do reator 2, ocorrida em 15 de março, foi ampliada para 30 km a zona de exclusão.O índice de radiação registrado próximo a usina foi dez mil vezes superior ao limite seguro. A gravidade do acidente se elevou do nível 4 para 6 numa escala que chega a 7. No mesmo dia, um incêndio no reator 4, que estava inoperante antes do terremoto, foi controlado. Cerca de 800 engenheiros que trabalhavam para estabilizar os reatores da usina foram evacuados após os acidentes. Apenas 50 trabalhadores permaneceram na usina, encarregados de resfriar os reatores e evitar uma tragédia nuclear no país.

Em 16 de março, um novo incêndio ocorreu no reator 4 e o vaso de contenção do reator 3 sofreu sérios danos. Os 50 trabalhadores que ainda estavam na usina foram removidos às pressas do local, por causa da elevação súbita e alarmante dos níveis de radiação provocada pela ruptura desse vaso. Com a evacuação dos trabalhadores, o resfriamento dos reatores foi interrompido. A tentativa de resfriá-los com o uso de água jogada por helicópteros falhou, por causa da alta radiação presente no local.

Dias depois, os operários de Fukushima retomaram o lançamento de água sobre as unidades 2, 3 e 4 da central. Após muitas tentativas de reativar as bombas para iniciar os sistemas de resfriamento dos seis reatores, com o restabelecimento da energia elétrica através de cabos de força, a situação na usina se agravou. Várias áreas das unidades 1, 2 e 3 ficaram inundadas com água altamente contaminada, dificultando seriamente os esforços dos operários para tentar resfriar os reatores atômicos.

Foram medidos elevados níveis de radiação em regiões próximas à usina, tendo sido detectados preocupantes vazamentos de água radioativa, para o mar e para lençóis freáticos, que vieram a ser controlados. Na tentativa de diminuir os níveis de radiação no interior da usina, toneladas de água, com índice de radiação considerado baixo, vêm sendo despejadas no mar.

O fim da crise na usina japonesa ainda parece longe. Um representante da Comissão de Segurança Nuclear do Japão disse que o resfriamento do núcleo dos reatores "não levaria meses, mas anos". Mesmo em situações onde as condições são controladas, leva-se de 20 a 30 anos para fechar e restaurar o local onde funcionou uma usina nuclear.

De acordo com o Comitê Científico da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre os Efeitos da Radiação Atômica (Unscear), os efeitos para a saúde humana e o meio ambiente causados pelas emissões radioativas do acidente nuclear da usina de Fukushima, no Japão, demorarão pelo menos dois anos para serem avaliados em profundidade.

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